Na primeira edição do Baba de moço, a apresentação foi assinada pelo poeta e performer Biagio Pecorelli.
Versos para lamber
Para, senão eu vou gozar, Aymmar. Ai mais forte ainda, vai. Que absurdo a sua poesia ter um corpo, sim, suas palavras terem coxas, Aymmar, cabeças, genitálias. Expelirem fluidos, odores fecundos. Fora que suas palavras pecam muito, Aymmar, ficam de quatro, que coisa. São umas santinhas do pau oco, do pau no oco, o cu, isso sim. Barroco pós-moderno, no princípio, era sexo drogas e rumba. É isso que você é, Aymmar, um beijo de língua na virgem santíssima, seu sodomita incurável, onde é que já se viu? Poesia balançar a bunda? Beber álcool, rezar, ler a Bíblia, poesia dar o cu, Aymmar? Onde é que já se viu? Pode não, pode não que é feio. Vão te censurar, vão te degolar em praça pública e vão te comer depois de morto, só depois de morto, que é pra você não desfrutar de prazer algum. "Baba de moço", que baba que nada, você devora sem cuspe, Aymmar, com esses seus corpoemas, ladies and gentlemen, isso que vocês têm em mãos é uma body art só de palavras, performace word. Você não escreve, Aymmar, você tatua. Você sua e chupa, onde é que já se viu poesia para chupar? Drops poéticos? Poesia para arrebentar no baile funk? Versos para lamber. Eles vão te, eles vão te chamar de pederasta, de bacante, de bicha safada, hedonista depravado, Aymmar, mas só nas horas de muita raiva ou então quando estiverem sozinhos cagando no banheiro de casa e te lendo, porque da boca pra fora eles bancarão os modernos habitantes da aldeia global e não terão nada contra, Aymmar, não vão te capar, não vão te dar “várias facadas”, vão não, relaxe (e goze). Hão é de se ajoelhar e orar, quando testemunharem emergir deste seu corpo imundo, poemas ensebados de muita alma.
Ladies and gentlemen, eu vos apresento Aymmar Rodriguéz e seus poemas corpóreos. Apaguem a luz e leiam no escuro, como se fizessem amor proibido. Caiam de língua.
Biagio Pecorelli
Recife, lua cheia, dezembro de 2009.
Versos para lamber
Para, senão eu vou gozar, Aymmar. Ai mais forte ainda, vai. Que absurdo a sua poesia ter um corpo, sim, suas palavras terem coxas, Aymmar, cabeças, genitálias. Expelirem fluidos, odores fecundos. Fora que suas palavras pecam muito, Aymmar, ficam de quatro, que coisa. São umas santinhas do pau oco, do pau no oco, o cu, isso sim. Barroco pós-moderno, no princípio, era sexo drogas e rumba. É isso que você é, Aymmar, um beijo de língua na virgem santíssima, seu sodomita incurável, onde é que já se viu? Poesia balançar a bunda? Beber álcool, rezar, ler a Bíblia, poesia dar o cu, Aymmar? Onde é que já se viu? Pode não, pode não que é feio. Vão te censurar, vão te degolar em praça pública e vão te comer depois de morto, só depois de morto, que é pra você não desfrutar de prazer algum. "Baba de moço", que baba que nada, você devora sem cuspe, Aymmar, com esses seus corpoemas, ladies and gentlemen, isso que vocês têm em mãos é uma body art só de palavras, performace word. Você não escreve, Aymmar, você tatua. Você sua e chupa, onde é que já se viu poesia para chupar? Drops poéticos? Poesia para arrebentar no baile funk? Versos para lamber. Eles vão te, eles vão te chamar de pederasta, de bacante, de bicha safada, hedonista depravado, Aymmar, mas só nas horas de muita raiva ou então quando estiverem sozinhos cagando no banheiro de casa e te lendo, porque da boca pra fora eles bancarão os modernos habitantes da aldeia global e não terão nada contra, Aymmar, não vão te capar, não vão te dar “várias facadas”, vão não, relaxe (e goze). Hão é de se ajoelhar e orar, quando testemunharem emergir deste seu corpo imundo, poemas ensebados de muita alma.
Ladies and gentlemen, eu vos apresento Aymmar Rodriguéz e seus poemas corpóreos. Apaguem a luz e leiam no escuro, como se fizessem amor proibido. Caiam de língua.
Biagio Pecorelli
Recife, lua cheia, dezembro de 2009.